A Roleplaying’s Tale – 24 anos de RPG

A Roleplaying's Tale - 24 anos de RPG

Salve, nobres aventureiros e aventureiras!

Em sua parada para descanso nessa humilde taverna lhe trago uma história para lhes entreter. Uma história com a magia da imaginação através das décadas, que moldou este pobre trovador na pessoa que hoje é da forma que é.

Sim, esta é a MINHA história de vida com RPG. Pois eu não me sinto no direito de apenas chegar e falar sobre o RPG com vocês se perguntando… mas quem é esse idiota? Porque ele não tem cabelo? O que o RPG tem a ver com a vida, o universo e tudo mais? Essas e outras respostas (ou não) a seguir…

Os Mundos da Magia

Comecemos. Sou um idiota com atualmente 35 anos, professor de educação física na cidade de São Paulo… mas essa é minha persona não-interessante. Não é desse cara que falaremos (muito). Vim contar a saga de Mestre Raony, que no alvorecer de sua 12ª primavera teve seu primeiro contato no RPG com os contos de Espada & Magia nas terras imaginárias de Forgotten Realms, ainda em AD&D nos idos de 1997. Um jovem e ingênuo rapaz jogava com seu poderoso guerreiro bárbaro das montanhas com sua espada bastarda. É só o que me lembro dessa época, não creio que sequer tenha o nomeado. Lembro de alguns dados visuais e do mestre (meu irmão, o mago Kintry Redcap).

Um pouco mais à frente, já com amigos de escola, me aprofundei um pouco mais nos mistérios do RPG. Foram aventuras de First Quest, ainda no sistema AD&D, com todos os auxílios tecnológicos disponíveis à época: papel, caneta e um tocador de CD’s. Era Mágico! Os estímulos sonoros de cada faixa tocada em pontos específicos fomentavam minha imaginação juvenil! Um tempo de glórias… porém, havia limites. Terminamos as aventuras e… para onde ir?

Foi então que vi, em uma banca de jornais, uma revista chamada Defensores de Tóquio, derivada da lendária Dragão Brasil que trazia um SISTEMA DE RPG a um preço ridiculamente baixo. Comprei. Assim o mundo dos Animes foi desbloqueado com muito humor e, a melhor parte veio à cavalo; liberdade de criação. Eu poderia pegar meus personagens favoritos e contar histórias novas, completamente originais e ainda trazer à vida novos e poderosos personagens! ERA INCRÍVEL! Tive acesso ao Defensores de Tóqui, Advanced Defensores de Tóquio e, finalmente, 3D&T. Era ávido comprador da revista e joguei com personagens como Megaman (e aprendi as 3 leis da robótica de Isaac Asimov) e Power Rangers… mas o sistema, com o tempo, me pareceu simples demais e fui envelhecendo…

Um gosto por vitae…

Ah, a adolescência. Fervores hormonais, questionamentos diversos, escola nova… e foi na ETE Presidente Vargas que tive acesso a um RPG mais complexo em termos de interpretação. Lá conheci Vampiro: a Máscara. Um aluno mais velho da série superior me iniciou nas artes vampíricas e eu, logicamente, aprendi e apliquei com meus novos amigos. Muitas sessões com tramas das mais complexas, todo o questionamento existencial inerente ao sistema… mas também um plot twist que eu não previa.

A Roleplaying's Tale - 24 anos de RPG
Em 2001 eu ainda tinha cabelo! RPG na escada é muito RAIZ!!!

Um belo dia me deparo com a minha mãe na escola. Ela havia sido chamada à direção… Porém, qual era o motivo? Eu era nada menos que um aluno exemplar! Aqui amigos, meu primeiro vilão no RPG: a professora de história. Ela havia chamado minha mãe para alertá-la que eu estava andando para cima e para baixo com um livro demoníaco, que tratava de assuntos escusos e que poderia me transviar. Porém, eu sua “privilegiada” cabecinha ultra-conservadora não passou o pensamento de como eu conseguira aquele livro. Pois minha própria mãe havia me dado.

Minha mãe é maravilhosa. Ela sempre gostou da ideia de jogos de imaginação e que seus filhos lessem. Era pedir um livro e ter. Cabe também uma menção honrosa a então diretora, que jogava RPG. Então, minhas caras crias da noite, o que acham que aconteceu? Pela primeira vez na vida sofri preconceito por meus gostos e, por sorte, fui defendido e a agressora advertida. Não é papel da escola intervir na religião e, mesmo que eu fosse satanista, estaria no meu direito. Agora, onde ela viu o demônio em um livro verde com uma rosa na capa, eu não saberia dizer. Nem me importa.

Meu ensino médio é comparado a um mago adicionando magias à seu grimório. Foi uma época de conhecimento de novos sistemas em uma época que eu classifico como a era de ouro do RPG de mesa no Brasil. Pipocavam sistemas de RPG, a internet fervia em fóruns com discussões e sistemas novos… tive acesso a todos os livros do Mundo das Trevas, GURPS, OPERA, Shadowrun e o D&D chegava em sua terceira edição e, com ele, o Sistema D20 que foi um dos maiores booms da indústria RPGística. Fiquei bastante feliz, pois bem lá no comecinho eu tentei “adaptar” AD&D para um sistema de Super-heróis então minha “hype” se confirmou.

O Vale do Vento Gélido

Mas o ensino médio acabou e o frio da solidão RPGística chegou. Veio a época da universidade e a dificuldade em encontrar jogadores (cheguei a anunciar na Barraquinha do Orc da Dragão Brasil atrás de grupo) e tive que treinar meus próprios Padawans… Pois o curso que selecionei, que foi de Educação Física, não me trouxe amigos principalmente que tivessem interesse em manter uma atividade intelectual… retornarei a este ponto mais à frente. Treinei meus jovens padawans (eu com meus então 21 anos e eles de 13 a 17) e ensinei a arte do RPG. Foi nessa época que comecei a formar o grupo que jogo até hoje (OS PIRATAS DO METAL). Eventualmente os citarei pois é um grupo que tem desde engenheiro a coveiro…

Enfim, a época da faculdade foi um período de RPG-solo. Lia livros desse estilo e aprendia sistemas diversos (FUDGE REALMENTE EXISTIU? SGA? QUE????) e decidi trazer isso à minha vida profissional. Meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) foi voltado ao RPG, então chamado por mim de “Jogos de Ação ao Vivo” para que pudesse ser trazido ao plano da interpretação corporal. Mais tarde (na minha concepção), não por mim, foi fixado o termo LARP (Live Action RolePlay)… o meu estudo visava explora as vertentes educacionais dos jogos de ação ao vivo o que fiz com tranquilidade, pois ninguém na banca examinadora sequer conhecia o jogo. Havia pouca informação acadêmica no Brasil sobre o assunto.

O Sexto Mundo

Desde então apenas aprimorei minha capacidade RPGística e formei um vínculo maior com meu grupo atual que segue fiel até hoje. A criança ingênua que se aventurava no quarto de casa se tornou um professor e escritor amador, com boa capacidade imaginativa e com vontade de ainda aprender novos sistemas. Atualmente, mestro online o Tormenta 20 (e também o jogo) através do Roll20 que teria salvado um momento de ostracismo que tive no início da idade adulta…

E é esta pessoa que vos fala. É este ser que agora agrega a Taverna seu conhecimento (de velho) em RPG. É esta pessoa que espera que vocês curtam o conteúdo que abordo e, enquanto professor, aguardo feedbacks e sugestões! Bons jogos e tenham uma vida longa e próspera!

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