RPG é vida?

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Não sei se vocês sabem, mas o mundo de Eamam e muitos personagens que nele se encontram, saíram das minhas mesas de RPG. Fosse jogando ou narrando, esse jogo baseado na imaginação me fez percorrer em diversos mundos, me aventurar na criatividade, na leitura e no conhecimento.

Minha primeira experiência com o RPG foi por volta dos 10 anos de idade. Me reuni com alguns amigos e fomos conhecer um novo jogo baseados em fichas e imaginação. Era o Tagmar, o famoso D&D brasileiro. Depois daquele primeiro dia, onde o jogo se resumiu em leituras dos locais que visitamos e imaginamos, meu mundo mudou. Lembro-me da experiência libertadora de poder fazer o que quiser em um local que existia apenas na minha cabeça, foi fantástico e depois da quele dia, com a união de amigos e uma conjuntura propícia: nenhuma responsabilidade e muito tempo sobrando, resultou em encontros quase diários.

RPG é vida?

 A partir daí, os conhecimentos evoluíram acerca daquele jogo que me fora apresentado. Entrei em contato com jogos como D&T, onde uniu-se as adaptações de animes, filmes e desenhos. Me recordo do enorme trabalho que tive desenhando a região de Pokémon, quando ele veio para o Brasil. Sim! Já rabiscava algumas coisas naquela época. Depois foi só alegria: Karameikos, D&D, AD&D (na época era Dungeons & Dragons e Advanced Dungeons e Dragons, respectivamente), GURPS, Vampiro, Lobisomem, Mago, Trevas, Dragão Brasil, Dragon Slayer e muitos outros títulos que tive contato no decorrer da minha vida. Passei um tempo longe das mesas por falta de tempo e dinheiro, mas nunca me afastei do jogo e quando retornei sabia que o mundo do RPG era o meu mundo.

Nos dias das mesas a diversão era garantida, não importava o sistema e nem o local. O interessante sempre foi imaginar, fossem aventuras históricas ou aquelas ambientadas em uma terra fantástica, fosse o horror presente nas trevas ou as batalhas intergalácticas que teríamos que enfrentar, a diversão sempre estava presente.

As coisas se complicaram um pouco na minha adolescência e isso acabou me afastando das mesas. Foquei no trabalho e depois nos estudos, quando as coisas começaram a desembaçar eu tive a oportunidade de montar mesas de jogo e participar de outras. Me formei e consegui passar em um concurso público, jamais havia imaginado isso se concretizando na minha vida, mas aconteceu com base no esforço e na dedicação.

As coisas melhoraram e quando consegui me estabilizar já tinha um pequeno hobbit, que dei o nome de Artur, meu filho cujo nome saiu das brumas de Avalon. Mas como costumo ressaltar, nem tudo são rosas. Em 2018, quando eu pensei que nada poderia dar errado, o Estado entrou em uma crise e minha vida virou de cabeça para baixo, temi passar pelos mesmos problemas que já havia superado. Foi na escrita que consegui reencontrar o meu eu. Um hábito cultivado e treinado, junto com a leitura, pelos jogos de RPG que faziam parte da minha vida desde os 10 anos de idade. Foram aquelas experiências em mundos fantásticos que resgatei para criar Eamam, um mundo que ganhava contorno, cores e sensações.

Eamam é um misto de cenários que já havia disponibilizado nas minhas mesas de jogo, muitos dos seus habitantes são os personagens que criei para interação, os famosos NPC’s ou, no bom português: personagens não jogadores. Eric, o protagonista, é a mistura de todas as falhas críticas que já ocorreram dentro dos meus jogos, em resumo: um verdadeiro desastre. Embora sempre tivesse o desejo de escrever, nunca achei que conseguiria. Eamam é uma homenagem a minha mamãe, bastando ler o nome ao contrário para entender, pois sempre me apoiou. O primeiro leitor foi o meu tio e foi ele quem insistiu para que a obra fosse publicada, infelizmente não pode vê-la impressa, mas sei que está sempre comigo.

Uma obra escrita para evitar uma depressão virou um mundo para todos, hoje faço transmissão de RPG no mundo de Eamam, terminei de escrever o segundo livro e já estou no terceiro, fora a obra infantil cujo protagonista é o meu filho visitando as ilhas voadoras desse mundo louco e fantástico. A obra, como no RPG, resulta em uma terra que cresce todos os dias, uma história que enriquece ano após ano e ganha habitantes dispostos a me dar a oportunidade de apresentar um mundo repleto de aventuras.

Aquele jogo que me foi apresentado quando nada disso ainda tinha acontecido, tomando emprestado as palavras do filósofo Aristóteles, atuou como o meu primeiro motor, ou seja, foi o movimento inicial que resultou em todos os outros até formarem a pessoa que sou hoje: feliz e positiva.

Minhas leituras, meus estudos, minhas escritas, meus trabalhos no campo das artes (sé é que posso chamar assim) são o resultado de um hobby que tenho profundo respeito e admiração. Um “jogo” onde a imaginação e a criatividade são a ferramenta principal para a diversão e é por isso que desenvolvo projetos que auxiliam em sua disseminação. Como costumo dizer: RPG é vida!

Um forte abraço e até a próxima.

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