Sinopse: Em sua fortaleza de muralhas escuras, o senhor e assassino Iida Sadamu observa seu famoso piso-rouxinol. Construído com grande perícia, esse piso canta a cada passo de quem tente atravessá-lo.
Nenhum ser humano consegue passar por ele sem ser ouvido. Mas, num remoto povoado das montanhas, na parte alta das terras vastas e antigas dos Três Países, mora um menino fora do comum. Ele ainda está por descobrir sua verdadeira identidade e o grande mistério que lhe confere o poder de destruir as ambições assassinas de Iida.
Criado entre os Ocultos, povo isolado e voltado para o desenvolvimento da mente, Takeo conhece apenas os caminhos da paz. No entanto, ele tem os dons sobrenaturais da Tribo – uma audição extraordinária, a capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo, o poder de se tornar invisível.
Quando sua vida é salva pelo misterioso Senhor Otori Shigeru, Takeo inicia a jornada que o levará ao encontro de seu destino, no interior das muralhas de Inuyama. Em seu trajeto ele irá conhecer vingança e traição, honra e lealdade, beleza e magia, além da avassaladora paixão amorosa. ‘O piso-rouxinol’, o primeiro livro da trilogia ‘A saga Otori’, é uma história vigorosa, uma extraordinária obra de ficção, de magnitude épica e de brilhante imaginação. O mundo mítico dos Otori é inesquecível.
Saga Otori
Situado em uma terra fictícia com claras inspirações no Japão antigo, a obra da autora Lian Hearn nos apresenta vários elementos aos quais nós já estamos acostumados nesse gênero: samurais, ninjas, intriga política, magia, mas tudo com uma roupagem nova e própria ao mesmo tempo. Como podemos imaginar pela sinopse, enquanto Takeo e Otori são pessoas gentis, Iida, o vilão, é totalmente o oposto.
E este livro nos apresenta, ou pelo menos me apresentou, algumas surpresas. A primeira delas é que, se você espera um livro recheado de ação e batalhas, esqueça. A furtividade e a discrição são mais presentes, o que também combina com a história de Takeo, nome que o jovem adotou após ser salvo e adotado por Otori.
Ao longo do romance vamos acompanhando o treinamento e amadurecimento de Takeo que pretende retribuir toda a ajuda e apoio que recebeu de Otori Shigeru, que pretende deter Iida Sadamu e seu plano de dominação completa do país. Ao mesmo tempo acompanhamos a história de Kaede, uma jovem mantida refém pelos Seishuu, um dos diferentes clãs que governam a região, filha da líder do clã Maruyama e que interessa politicamente Iida.
Além das tramas e intrigas políticas, o leitor também pode esperar belas e bem-feitas descrições de cenários, assim como as sensações das personagens, especialmente Takeo, que por ser descendente da misteriosa Tribo, possui suas habilidades elevadas as de um ser humano comum, como mostradas na sinopse. Há ainda um foco bem grande no desenvolvimento e amadurecimento tanto de Takeo quanto de Kaede, o que impulsiona o leitor a continuar acompanhando a jornada de ambos e também a torcer pelos dois.
Tal trabalho foi possível graças ao extenso trabalho de pesquisa da autora, que além de aprender japonês, como disse em uma entrevista, também viajou para o Japão afim de conhecer mais a cultura local e sentir que estava pronta para escrever tal livro. Se você gosta de livros com uma pitada de fantasia, história nipônica, jogo político, reviravoltas e romance, a trilogia da Saga Otori pode ser uma pedida muito boa.
O Piso Rouxinol é o primeiro volume da trilogia e foi publicado em 2002. Em 2006 foi publicado uma sequência e em 2007 uma prequel. Mas não para por aí, em 2020 dois novos livros que se passam no mesmo universo foram lançados.
Colunista: Walter Niyama é formado em Jornalismo pela ESPM-SP. Além do Blog da Taberna também contribui para o Nerdssauros. É autor de três livros publicados: O Mistério dos Suicidas; Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos; e Anos Atrás – Uma História de Santiago Valentim.