Com 484 artistas, edição presencial que volta a acontecer no São Paulo Expo nos dias 1 a 4 de dezembro, reforça seu papel de inclusão e diversidade dentro do mundo artístico. Ciça é a artista homenageada do Artists’ Valley nesta edição
Não é à toa que o Artists’ Valley, espaço dedicado aos criadores de histórias em quadrinhos, é considerado o coração do evento.
Em 2022, o local favorito dos fãs de quadrinhos e cultura pop reunirá 426 artistas nacionais e internacionais inscritos, e mais 58 convidados, totalizando 484 artistas. E como de costume essa área da CCXP é marcada pela diversidade, seja ela regional, cor ou gênero. Um dado que mostra como a pluralidade é que dentre os inscritos, 38% de artistas que se identificam com o movimento LGBTQIAPN+ em números absolutos representam mais de 165 artistas no pavilhão. O reflexo dessa inclusão é o aumento de conteúdos editoriais com uma variação de olhares e interpretações de uma realidade fantástica ou não.
Além disso, para a CCXP22, 32% dos quadrinistas que estarão no Artists’ Valley disseram se identificar como negros, pardos e indígenas. A representatividade segue e pode ser conferida quando 13,6% dos inscritos se identificam como transgêneros, não-binários, gender fluid, agênero e travestis, totalizando 58 artistas. Outro número interessante que sempre a CCXP destaca é a participação de mulheres (cis e trans), e para 2022 serão 144, representando 32% do total.
“O Artists’ Valley by Chiaroscuro Studios é um espaço apaixonante para quem vai ao evento porque conecta e aproxima artistas e fãs. É também um espaço marcado pela diversidade e pela representatividade.
Temos mais de 110 artistas fora do sudeste, com destaque para 47 do norte e nordeste. Nesse retorno ao evento presencial, procuramos manter a visibilidade e oportunidade necessária aos artistas presentes visando fortalecer o cenário dos quadrinhos e principalmente na captação de novos leitores.
O espaço ainda conta com um palco central para esses artistas se apresentarem, alcançando assim um público ainda mais amplo entre os visitantes da CCXP22.
Por tudo isso, a área deixou o nome tradicionalmente usado em outros eventos – Artists’ Alley (beco) – para adotar o nome Artists’ Valley (vale), que traduz melhor a importância e a grandeza dessa área que é o coração da CCXP e que é uma plataforma importante para quadrinistas brasileiros”, destaca Ivan Costa, cofundador da CCXP e curador do Artists’ Valley.
A representatividade também se faz presente considerando a temática dos trabalhos dos artistas participantes: as obras independente/alternativa ficaram em primeiro lugar com 14,5%, o segundo lugar ficou com fantasia (10,8%) e fechando o top 3, aventura (9,1%). Assuntos envolvendo histórias LGBTQIAPN+ (5,7%) ultrapassaram o tema super-heróis (3,6%), mostrando como a visibilidade e a oportunidade acabam construindo novas narrativas entre os fãs.
O Artists’ Valley já anunciou mesas dos artistas: Mark Waid, Jim Starlin, Fabien Toulmé, Aimée de Jongh, Laerte, Germana Viana, Julian Totino Tedesco, Jim Cheung, Marcello Quintanilha, André Dahmer, Quinho, Ilustralu, Dan Mora, Vitor Cafaggi, Lucas Werneck, Tony Harris, Olivier Coipel e muitos outros. Confira o line-up completo do evento até o momento em CCXP.
A grande homenageada do Artists’ Valley da CCXP22 será Ciça. A artista paulista é responsável pela arte da credencial exclusiva dos artistas deste ano. Nascida em 1939, sua tira “O PATO” foi publicada na Folha de S.Paulo, diariamente, por mais de 20 anos, no Brasil e levou a história até a Inglaterra e África do Sul.
Entre as décadas de 50 e 80, Ciça morou no Rio de Janeiro, em Paris e em Nova York. Foi colaboradora do Pasquim na primeira e na segunda fase do periódico. Também tem entre seus trabalhos, a tira “BEL”, publicada no suplemento feminino da Folha. Ciça também é a ‘mãe’ da personagem Bia Sabiá.
“Ciça é uma referência para muitos quadrinistas. É uma honra ter a arte dela ilustrando a credencial que estará no peito de cada integrante do Artists’ Valley. Ela sempre se destacou por sua postura feminista durante ditadura militar, e como mulher ajudou a pavimentar uma luta da causa no Brasil e mundo”, destaca Costa.
Além de quadrinista, Ciça tem 16 livros publicados, voltados para crianças e adolescentes, além do livro de pesquisa sobre a fala popular, “Livro dos Provérbios, Ditados, Ditos Populares e Anexins”, pela Editora SENAC. Atualmente, ela continua a se dedicar aos seus livros, onde reúne humor e poesia para os pequenos, e, para os adolescentes, um olhar bem-humorado para essa fase desconcertante da vida.
Em 2009, Cecilia Whitaker Vicente de Azevedo Alves Pinto ganhou o 21º Troféu HQ Mix na categoria “Grande Mestre
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