Olá, nobres visitantes da nossa humilde taverna!
Fiquem tranquilos, aqui em nossa Taverna vocês estão seguros! Aharadak não tem poder aqui… pelo menos que nós saibamos. A névoa rubra não entra pelas nossas janelas e acomete os pulmões (e mentes!) de nossos clientes e visitantes! Aqui, a Tormenta não tem vez! Pegue seu Gorad quente, se acomode e ouça minha história!
É por conta da casa!
No começo existia o Nada e o Vazio…
Tudo começou nos idos dos anos 2000 (sou velho no RPG… saiba mais aqui). Época de ouro em que eu entrava em uma banca de jornais e comprava a mui saudosa revista Dragão Brasil (que ainda existe no formato digital, confira aqui). Nela, haviam muitas matérias sobre RPGs diferentes, internacionais, novas tendências… Mas, bem à frente de meus olhos se desenrolava também o que viria a ser o maior cenário de RPG nacional – quem sabe até da América Latina – digno do maior financiamento coletivo em um jogo de RPG nacional até hoje (Incríveis R$ 1.918.106,00 para uma meta modesta de R$ 80.000,00).
A mitologia ia se formando em sessões da revista como “Lendas Lendárias” e até nos “Pergaminhos dos Leitores” que eram muito bem respondidos pelo Paladino (até então em um tom cômico) e posteriormente pela Paladina e outros personagens igualmente competentes. Nomes como “Valkaria“, “Arton“, “Triumphus“, “Vectora” entre diversos outros eram inseridos aos poucos em aventuras curtas (ou séries mais longas!) e em personagens aqui e ali.
Sem se prender a sistemas de RPG específicos, inicialmente as aventuras e personagens eram multissistema. GURPS, AD&D, D&D 3.0, 3D&T, Sistema Daemon… muitas e muitas faces, o que tornava o mundo mais e mais acessível ao público mais diverso possível. Praticamente todos os jogadores de RPG dessa geração teve acesso a um ou dois materiais produzidos por nomes que entraram em nosso imaginário, como os Marcelos Cassaro e Del Debbio, JM Trevisan e Saladino, que assinavam muitas matérias.
E essa foi uma grande sacada. Sem percebermos, íamos nos envolvendo nas aventuras que aconteciam no Reinado. Lembro vividamente de começar a mestrar uma aventura em que os heróis deviam resgatar um tal de Aleph Olhos Vermelhos de um grupo de Kobolds (eram kobolds ou goblins?) que depois – com um certo tempo de jogatina, claro – foi tentar peitar um tal de “Thwor Ironfist” que organizou as raças mais, digamos, marginalizadas em um grupo chamado “A Aliança Negra”.
Um Mundo de Problemas
Foi nessa aventura específica que houve uma maior imersão no cenário. Entretanto, essa imersão vinha ao longo dos anos, pouco a pouco, logo foi mais uma aceitação do que um novo conhecimento. Nossos neurônios ligavam os nomes lidos diversas vezes em um emaranhado que parecia distante em uma massa coesa, com a aparência de um Tangela (sim, pokémon kkkk) de uma confusão muito divertida!
Lembro-me das aventuras de Sandro e Niele (inclusive saudades dos cosplays do EIRPG de 2002 mais ou menos – gente mui divertida), Lembro de Nimb e uma ponte, de trogloditas, de Vectora, sílfides… Aí me lembro que não falei das coisas tristes. Problemas. A maioria deles organizados nos primeiros suplementos que vinham com as revistas e posteriormente de forma oficial nos livros de RPGs nos sistemas Daemon, 3D&T, D20/OGL… e o Atual T20.
Arton não é um lugar de boas memórias para elfos. Sua deusa está morta. Não guarda também uma boa vida àqueles que nasceram em Tamu-ra… É o lar da Tormenta. “E o que seria essa Tormenta, afinal? Você jogou a pergunta lá em cima e não respondeu!” – calma gente, é uma estratégia para vocês lerem mais, obvio!
A Tormenta é a tempestade rubra, que trás caos e destruição com mutações e monstros aberrantes que limpam qualquer traço de sanidade que os personagens ainda poderiam ter. Monstros dignos dos Mythos de Cthulhu andavam livremente pelas áreas de Tormenta e, quem nela entrava, corria o risco de jamais sair – ou pior – sair com mudanças irreversíveis. Geralmente partes insetóides que brotavam no lugar de membros comuns e perda de sanidade… eu definia para meus jogadores simplesmente como o “Inferno sobre a terra”.
Admirável Mundo Novo
E tudo isso, obviamente, se refletiu na criação de HQs, Romances diversos… rumores eternos de animações (ou live action – será?) jogos eletrônicos (o quê? Reverie Knights Tactics?) e muito material na internet. Os romances são realmente muito bons (de verdade, leiam pelo menos os contos! Você pode adquirir os romances aqui) e ampliaram muito o pano de fundo histórico do cenário, dando vida às aventuras que jogamos – algumas entraram no canôn do cenário como a supracitada questão da Aliança Negra e a Libertação de Valkaria, aventuras indispensáveis e com enervações por toda Arton, com seus heróis diferentões e até estranhos…
A Cosmologia de Arton é realmente excelente. São 20 Deuses, não necessariamente fixos que compõem o Panteão. Deuses que permitem que seus devotos ressuscitem, que não permitem que o sol toque sua pele, que abominam a civilização… os mais diversos possíveis. Alguns caem, outros ascendem… e muitos são meros peões em um jogo maior.
A edição mais recente do Tormenta é trazido pela Editora Jambô, o Tormenta 20 (20 anos, estou velho mesmo!) é simplesmente excelente. Com opções incríveis de criação de personagens (o que? Um Goblin cozinheiro/inventor? Um Golem Clérigo?) e uma bela possibilidade de customização das classes com liberdade de escolha na construção de personagem faz com que dificilmente existam dois personagens iguais (exceto os Zé Combinho que pega Build pronta na net… mas cada um faz como quer, não é mesmo?) e estimula a criatividade e o imaginário de todos os presentes e faz com que histórias épicas sejam contadas. Um Golem lutador que tenta segurar um Dragão Lich “No braço” enquanto o ladino tenta destruir a Filactéria e destruir o inimigo. Um goblin que derruba um adversário mais forte tirando o PV final dele com uma pedrada. Um Kliren inventor que improvisa um canhão e mete uma bola de fogo no adversário…
E foi esse um dos diferenciais do cenário. Um fundo fortemente histórico, com a possibilidade – e incentivo! – de criação de QUALQUER personagem, por mais estranho que fosse (destaco a exceção da raridade da existência de Gnomos no cenário, apenas me lembro de Lorde Niebling) com um pano de fundo até meio tecnológico e altamente mágico… um mundo de maravilhas inigualáveis e perigos infindáveis. Um mundo de aventuras, perigos abissais e recompensas gloriosas.
Bem vindo à Arton.