Um RPG de mesa na sua forma mais simples consiste em se reunir com seus amigos para viver uma aventura fictícia com um sistema de regras e interpretações, algo que vamos deixar claro no início é de que esse conceito é muito diversificado entre mesas de RPG, existem mesas que os jogadores buscam priorizar sistemas rigorosos que requerem um conhecimento complexo de suas regras para jogar e mesas que deixam isso de lado e preferem focar na interpretação dos personagens e narrativa, vai tudo depender de seu gosto, a minha ideia com esse post é passar algumas orientações que gostaria de ter recebido quando comecei a me interessar por esse mundo incrível.
Como funciona?
Para começar vamos juntar seus amiguinhos, sim não tem como experienciar RPG de mesa como deve ser sozinho, agora com seus amiguinhos juntos vamos definir um Mestre, esse Mestre tem o papel de Juiz e Responsável pela criação fundamental da história usando um sistema de regras e mundo para tal, os demais jogadores serão os personagens dessa história, seu grupo e party, os jogadores também vão seguir as regras do sistema usado e o mestre vai auxilia-los nisso(normalmente até mesmo ensinar a eles sobre o jogo) os jogadores também deverão interpretar os personagens por eles criados, o que eles vão fazer, falar, matar, comer e tudo mais, o mestre interpreta todos os demais personagens considerados NPCs e assim todos juntos formam sua história guiada pelo mestre, seu personagem pode morrer, se apaixonar, alcançar um objetivo, tudo isso junto forma uma grandiosa história que é o objetivo principal do jogo, sabendo disso vamos para uma introdução breve de fatores importantes.
Mestre
É importante estar ciente de que o mestre não manda nos outros jogadores, ele é o contador de história, não diretamente o criador dela, quem faz a história são os jogadores e suas escolhas, o que o Mestre tem que fazer é ter a responsabilidade de guiar os jogadores para um caminho narrativo coeso, dar eles uma ponte quando precisarem, ou uma montanha quando merecerem, são valores difíceis de se equilibrar a princípio, pois o poder do mestre é praticamente absoluto na mesa, então a dica que posso passar é estar aberto ao que os outros jogadores estão achando do jogo, se você não está os restringindo muito ou contando sua própria história ao invés da deles, esteja aberto a críticas, leia um pouco também, saber sobre roteiro ajuda construir opções que os deixem livres mas que por exemplo os mantenham na aventura que planejou, alternar o Mestre também ajuda muito com isso, pois assim observe como outros fazem as coisas, com o tempo você se tornara um ótimo mestre.
Sistema
Um outro fator extremamente importante para a mesa é o sistema, que se trata basicamente do livro de regras que o Mestre e os jogadores vão seguir, ele define praticamente tudo, um clássico e também primeiro deles é o Dungeon&Dragons, porém você não precisa começar nele, apesar de que algumas versões mais recentes do jogo serem até que bem didáticas, aconselho a procurar algo que seja atrativo a seus gostos e até mesmo relacionada com algo que gosta, por exemplo o sistema que mais jogo e me apeguei até hoje foi o Shadow of The Demon Lord, ele é mais simples do que D&D e se passa em mundo de Dark Fantasy que me lembra meus jogos favoritos como Castlevania e Darks Souls, porém é difícil de se manter vivo, precisa ser muito cuidadoso e equilibrado nele, um outro que acredito que seja bom para iniciar é do Hora de Aventura, sim a animação do Cartoon Network, em questão de regras é extremamente simples e fácil, esse sistema na verdade foi criado com o intuito de iniciar pessoas ao RPG de mesa, mas entre todas as opções de sistemas aconselho a independente de qual escolher, não necessariamente se prender as regras, aos iniciantes é fácil se prender tanto as regras que a história da aventura pode ser prejudicada por isso, lembre-se que o objetivo é se divertir e contar uma boa história, como por exemplo, o Mestre permitir que um jogador saia vivo após o que seria uma morte certa a custo de um braço ou perna dele.
Dados
Chegamos a nossos queridos dados, onde nisso tudo vão os dados? Nos sistemas do RPG os dados são usados para simularmos o acaso de nossas ações, como por exemplo, para exemplificar, digamos que você dê dois socos seguidos em uma pessoa, os dois socos nunca seriam exatamente iguais, digamos que o primeiro soco foi mais forte que o segundo, ainda nesse exemplo, digamos que seu personagem deu 2 socos, então você joga 2 dados um tira 5 e o outro 4 , podemos então dizer que seu personagem deu um primeiro soco com valor de força 5 e em seguida um novo soco com valor de força 4, esse valor numérico que os dados nos permitem é usado pelo sistema do jogo para alcançarmos algo mais parecido com o acaso da realidade, então se tentar convencer alguém, tentar escalar uma parede, acertar uma flecha, para todos esses casos que existe uma incógnita o dado nos dá o valor dela e aplicamos a regra. Porém é bom deixar claro que a influência dos dados no jogo varia de sistema para sistema.
Ficha
Em quase todos os sistemas temos o uso de fichas de personagem, onde você anota todos os status do seu personagem, seu nome, quantidade de vida, equipamentos e diversos outros fatores, Segue abaixo um modelo da ficha de RPG do meu sistema favorito no momento o Shadow of the Demon Lord:
Cada jogador terá a ficha de seu personagem, da qual o mestre vai ajudar a preencher, no caso de Shadow of the Demon Lord, são poucos itens a preencher, existem sistemas mais complexos que levam até mais de uma folha apenas para o personagem, essa ficha pode ser considerada a alma do seu personagem, é nela que você vai consultar diversas informações que influenciam diretamente o jogo, como sua força, dano da arma e itens que carrega, atente-se na montagem da sua.
Grid
Não é todos os sistemas que tem um grid de batalha, mas eu os acho eles muito legais e valem a pena serem citados, o Grid é usado quando ocorre um confronto físico, para simular o campo de batalha, de forma que quando utilizados pelo mestre, temos como opção ações físicas e movimentos limitados, quando você esta em combate e o mestre posiciona os personagens, seu grupo deve trabalhar em equipe para acabar com eles usando o mínimo de recursos possíveis e evitar morrer é claro. Vale a pena também levantar que podem ser usados para puzzles ou até mesmo perseguições, o objetivo é ambientar melhor a todos o aspecto geográfico da situação.
A Aventura
Ok, entendemos o que cada um faz, onde tem as regras, fichas, mas como isso vira uma história? ai entra o trabalho mais por assim dizer “pesado” do Mestre, ele é o responsável por construir uma história para os jogadores, uma narrativa em torno dos personagens, o mestre tem que criar uma campanha para os jogadores, para iniciantes aconselho o mestre até mesmo tentar uma pronta, ou criar uma em cima de um sistema fácil ou criado pela sua mesa, pois campanhas de RPG tendem a não ser fáceis de planejar, afinal você não controla os protagonistas dessa história, então o segredo esta em preparar o ambiente para os personagens que voce conhece, como por exemplo, se temos um jogador que cria um personagem com um incrível desejo de vingança contra assassinos de seu pai, podemos relacionar esse assassino com a campanha, e assim no decorrer da história dar pequenas pistas sobre essa ligação, fazendo com que o personagem por si só tenha o interesse em seguir para o lado que você preparou a campanha, prestando atenção nesses detalhes uma boa história pode ser preparada sem muito esforço.
Por fim e mais importante…
Entre todas as informações sobre como fazer isso funcionar, a melhor que posso passar, e a que mais devemos nos atentar é SE DIVIRTA, como comentei ao inicio, a diversidade entre mesas é grande, a variedade de sistemas tão grande quanto, é comum encontrar mesas que seguem a risca cada palavra do seu livro de regras, mesas que criam seus próprios, das quais interpretação é a maior recompensa levando os jogadores até a se fantasiarem de seus personagens, o importante é você se divertir com uma história fictícia, com a fantasia em torno daquela mesa e seus amigos, quando se foca nisso não tem como não amar esse jogo, Pensem nessa história que estão construindo juntos e pra onde vocês gostariam que fosse, como gostariam que terminasse pra cada personagem e busquem isso juntos da melhor forma que conseguirem, terão momentos de chorar por um personagem morto, momentos de ódio ao serem traídos por serem boas pessoas ou castigados por serem má pessoas e toda essa realidade pessoal com o mundo de fantasia no livro transforma tudo isso em uma experiência única.