Guia prático para cartografia fantástica
Salve aventureiros e aventureiras,
Primeiramente, desejo a todos um 2021 repleto de sucesso! Hoje, na primeira matéria do ano falarei um pouco sobre a confecção de mapas para suas aventuras e espero que a matéria seja do agrado.
No final do ano passado e início do presente ano, recebi algumas encomendas de mapas que ilustrarão alguns livros e gostaria de passar para vocês alguns materiais que possam facilitar a vida de quem pretende fazer o mesmo, assim como dar algumas ideias para um pontapé inicial em suas aventuras de RPG com sua própria arte.
Os mapas são uma paixão antiga e a cada dia estudo técnicas que possam melhorar a confecção deles. Vale lembrar que nada tem a ver com a cartografia profissional e sim com uma cartografia fantástica, se é que posso chamar assim.
Material
Quando estou praticando, uso qualquer folha em branco que esteja a disposição e já fiz até alguns trabalhos para minha própria mesa de RPG em folhas A4 comuns. Contudo, se quer uma folha mais resistente, eu recomendo o papel Canson 140g/m2 e se for trabalhar com marcadores artísticos como Copic, aconselho o XL Marker, também da Canson. Essas são as folhas que uso.
As canetas para fazer a arte final podem ser qualquer uma, eu prefiro as da Micron ou Staedtler, mas é uma questão de gosto. Com relação aos marcadores, uso atualmente o Cis Graf Duo Brush, ele possui duas pontas, uma rígida e uma pincel e me satisfaz com relação as cores/preço.
Os demais materiais são lápis/lapiseira e borracha, mas atenção nesse último. Evite borrachas que mancham o desenho, uma boa borracha faz toda a diferença e evita transtornos. Eu usava uma da Faber Castell branca e simples até ganhar uma Staedtler Mars Plastic, minha vida mudou e não troco mais… rsrsrs
Se for fabricar mapas de dungeons ou mapas isométricos, os papeis, milimetrados e quadriculados irão te ajudar, mas você precisará de uma mesa de luz para passar tudo a limpo. Contudo, existe o papel pontilhado, sua vantagem é que os pontos se tornam invisíveis quando preenchidos corretamente e dão uma precisão bem bacana.
Começando
Nessa parte a criatividade impera e se você for um jogador ou narrador de RPG, isso não é um problema. Comece com o simples, pegue um pedaço de papel e desenhe o que quer que seja representado, florestas, montanhas, planícies, rios, costa, ilhas voadoras, cidades, enfim, sua imaginação é o limite.
Aconselho que rascunhe em um papel suas representações e se estiver difícil de compreender, uma legenda ajuda.
Lembre-se que florestas selvagens não são organizadas, então evite formas perfeitas. As montanhas seguem uma linha imaginária irregular que auxilia na hora de colocá-las no papel. As cidades se desenvolvem ao redor de construções importantes, em rotas comerciais e em beira de rios, claro que toda regra tem sua exceção, mas o objetivo é simplificar no início. Abaixo segue a imagem de um rascunho simples para ilustrar parte do que acabaram de ler:
Com o tempo vocês acabam descobrindo melhores maneiras de representação.
Mais um pouco de ideias
Quando forem iniciar sua própria cidade, criem uma história para cada construção que você colocar, isso torna a cidade mais racional. Não, não é para dizer quem mora lá, nomes das pessoas, tipo sanguíneo nem nada disso a não ser que seja importante. A ideia é brincar com o desenho: coloque a primeira construção e diga para si mesmo o motivo de escolha do o local, depois coloque os vizinhos de acordo com os interesses, apague a primeira cada e faça uma maior no lugar ou transforme-a em ruínas, vai que foi uma briga entre os vizinhos por disputa de melhores terras. Entenderam onde quero chegar? Sua cidade já nascerá com uma rica história e ser explorada. Pense nisso.
O mesmo vale para quando for fazer a masmorra. São ruínas de uma antiga cidade? É um complexo de túneis e salas construídas pelos delírios de um rei ou um mago? Já foi explorada? Qual é a sua história e o que se sabe sobre o seu abandono? São essas perguntas que você precisa fazer para si mesmo com o intuito de enriquecer tudo o que criar. Sua arte acaba se recheando de história.
Por fim, pratique! Tanto a escrita criativa quanto a arte são desenvolvidas com exercício e estudo, como tudo na vida, “né minha filha”.
Um forte abraço e até a próxima!