Olá, caros aventureiros!
Já pensaram em expandir a interpretação de seus personagens, tentando criar algo além do definido em sua classe ou raça? Do que você está falando? De estereótipos, tão enraizados que é difícil se desvencilhar de seus grilhões, mas não é impossível.
Antes de montar os seus personagens e fazer combos como se estivessem jogando videogame parem um pouco e analisem. É para fazermos do RPG algo semelhante dos eletrônicos? Já parou para pensar o quão único pode ser o seu personagem e quantas características próprias você pode desenvolver? Abaixo seguem dicas simples e úteis para o desenvolvimento deste processo.
Vou usar de exemplo um dos personagens mais comuns das mesas: o guerreiro. O que mais ele pode fazer além de descer o aço nos inimigos? Muitas coisas, então vamos lá! A regra básica de uma boa história é aproximar o seu personagem da realidade, mesmo em mundos fantásticos. Respondam para si mesmos as seguintes perguntas: de onde veio? Como se porta e quem são seus familiares? Como foi educado? Como cresceu? O que o levou a buscar aventuras?
Essas simples perguntas podem transformar nosso guerreiro, que se apresenta em uma página qualquer do livro, no memorável Trion, Punho Forte.
“Nascido nas margens da cidade de Terminus, é filho de Baris, um ferreiro que resumiu o seu ofício em fabricar ferraduras e pequenas ferramentas e Dianora, que se dividia em ajudar o marido e educar os seus quatro filhos: Amanda, Trion, Eldon e a caçula Liana. Sua irmã mais velha se dedicou ao sacerdócio, seu irmão Eldon assumiu a forja do pai, fabricando as primeiras armas com o nome de sua família. A caçula, Liana, se desvirtuou do que a família considera como descente, embrenhando-se em becos e rodeada por amigos nada acolhedores.
Trion foi, durante muitos anos, escudeiro do nobre Arphus, com quem aprendeu a ler e escrever. Seu duro treinamento fora recompensado com conhecimentos sobre história, geografia, heráldica e lendas do mundo afora. A relação entre mestre e aprendiz foi muitas vezes confundida com a de um pai e para um filho, resultando na rivalidade de um camponês médio com um primogênito nobre.
Certa vez foi desafiado por Arídio, filho de Arphus, na praça central da cidade. Trion não podia recusar o duelo e o seu longo treinamento foi posto à prova enquanto a plateia reunia-se para o espetáculo.
Lutaram em paridade a maior parte do tempo até que Trion, com o punho cerrado, levou seu oponente ao chão. A vitória foi uma verdadeira surpresa e acabou gerando a alcunha que carrega até os dias de hoje, mas nem tudo foram rosas e as diferenças no sangue contaram mais do que poderia imaginar um humilde filho de ferreiro. Temendo represálias, decidiu partir da cidade o quanto antes, vestindo um equipamento básico e uma espada feita pelo próprio irmão, Punho Forte resolveu desvendar o mundo por conta própria. Por onde passava era elogiado pela sua educação e sabedoria, pouco presente em um homem de armas. Sua fama crescia junto com inveja de seu primeiro rival, Arídio, da casa de Arphus”.
O exemplo acima é um tipo de história que além de enriquecer o personagem dará margens para aventuras posteriores, como o filho revoltado do nobre que busca vingança ou mesmo o desenvolvimento de uma trama familiar ainda maior, afinal, Trion tem pai, mãe e três irmãos que não saíram da cidade. São infinitas possibilidades que poderão ser usadas para colocar um ponto final nessa história ou ir além, fazendo outros jogadores embarcarem no passado de um dos colegas da mesa. Vale notar que tudo isso saiu das cinco perguntas iniciais.
Já haviam pensado em como pode ser divertido ter uma aventura baseada no que um dos jogadores desenvolveu? Além disso, Trion, não é somente um guerreiro que sabe lutar, mas alguém cuja educação é um misto de conhecimento popular e erudito. Espero que essas ideias resultem em um bom ponto de partida para a elaboração de suas próprias histórias.
Até a próxima!