Com a premissa de um urso solto na floresta, completamente drogado e viciado em cocaína, rasgando ao meio todos que aparecem em seu caminho o filme promete uma boa mistura de terror ecológico com comedia. O resultado diverte em seus noventa minutos, mas o saldo é de um filme B genérico que não alcança todo o seu potencial.
Em 1985, o jornal The New York Times publicou uma nota que dizia, um urso de mais ou menos 80kg é encontrado morto nas montanhas do estado da Georgia, a autopsia decretou a causa da morte por overdose de cocaína. A droga estava sendo transportada de avião pelo traficante Andrew Thornton que morreu em um salto de paraquedas por carregar muitas drogas consigo. Esse relato é o ponto de partida do longa O Urso do Pó Branco, filme que estrou nesse 30 de março e tem a direção da Cineasta e atriz Elizabeth Banks (As Panteras).
O Urso até assusta, mas o longa não explora muito bem o comportamento do animal, a maior parte das perseguições e mortes, um urso normal também faria, tornando a cena da ambulância (já exibida nos trailers) o único momento de ataque criativamente bem pensado no longa. Por sorte os efeitos da cocaína no organismo do animal foram melhores executados no quesito comedia, com a fera agindo de maneira dócil logo depois de estraçalhar alguma vítima.
E por falar em vítima, o filme tem um bom leque de personagens para vermos sendo devorados. Um casal de crianças que estão matando aula, a mãe de uma delas que esta a procura da filha, uma guarda florestal e um guia do parque, alguns adolescentes que assaltam visitantes e dois mafiosos atrás da droga perdida a serviço de seu chefe ( Ray Liotta em um de seus últimos papeis antes de seu falecimento) e um detetive que por conveniência do roteiro descobre onde que a máfia mandou capangas para a floresta.
Entre os atores, temos nomes de peso como Keri Russell, Ray Liotta que entregam os arquétipos básico que o roteiro pede, uma mãe preocupada e um mafioso babaca. Gostaria de destacar a dupla O’shea Jackson Jr e Alden Ehrenreich, que fazem os dois capangas que irão atrás da cocaína perdida, ambos entregam carisma e algumas trocas que trazem as melhores cenas do filme sendo boa parte ainda sem contracenar com o urso.
Felizmente, os atores conseguem trazer carismas até nos personagens menos explorados e o CGI do urso apesar de evidente não incomoda em nada.
O filme não se arrisca no quesito morte, temos poucos momentos a sensação de que algum personagem importante morrera, e quando cria a tensão o filme não cria soluções verossímeis para que esses personagens sobrevivam. Em um momento de perigo, o longa faz um corte seco pra outra cena e quando retorna o personagem já saiu da situação, em outro momento, esse já exibido no trailer, o urso sobe lentamente a arvore para atacar uma criança, mas para pegar o outro ele simplesmente sobe como se a arvore fosse nada.
O terceiro ato é o ponto mais baixo e mostra que além de uma premissa chamativa os roteiristas não sabiam muito o que fazer com essa história, optando pelas escolhas mais preguiçosas para desenvolver a trama desde seu início, mas piorando em seu último ato.
Se você está à procura de um filme rápido para desligar o cérebro e curtir, essa pode ser uma ótima sessão, mas com a quantidade de blockbusters mais chamativos em cartaz junto a esse, eu indicaria me divertir com O Urso do Pó Branco quando saísse em algum streaming.
Nota 2.5/5
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