Em cartaz a uma semana, The Flash chegou aos cinemas com uma divisão de opiniões entre público e critica. Após assistir duas vezes, minha opinião é que o filme é muito bom em construir seus personagens, mas falha em nos ambientar em seu universo e suas regras. Ao abandonar as boas ideias de seu desenvolvimento para nos entregar um clímax preguiçoso e que apela para nostalgia, o saldo do filme se torna mediano.
o arco do protagonista é excelente e Ezra Miller acerta em cheio no tom de suas versões de Barry Allen. ao mesmo tempo que ensina lições para o Barry mais velho, a história coloca o Barry mais novo em rota para se tornar seu antagonista, com uma complexidade bem conduzida pelo dilema de deixar sua mãe morrer para salvar todo um multiverso. o problema está na sua resolução que prefere optar por abandonar essa construção e entregar a versão mais nova de Barry anos à frente como um monstro de CGI.
Ter a versão mais velha do Barry imaturo, no final dessa história soa desnecessário e uma desculpa para ter um vilão estereotípico, já que todo o arco encaminhava o filme para um embate entre as duas versões sem a necessidade da terceira, o que seria a melhor opção na minha opinião. A resolução com explicações de paradoxo temporal enche o roteiro de furos e a construção de universo que já tinha suas regras confusas ao tentar mesclar conceitos de multiverso com viagem no tempo, torna o filme difícil de entender em uma primeira assistida.
Como a maior parte das críticas e notícias informaram, o CGI do filme é o ponto mais baixo de suas duas horas de duração. O cineasta Andy Muschietti diz que as falhas de textura e distorção foram intencionais, para ir de acordo com a visão do Flash quando acessava a força de aceleração, o que pode parecer real em um momento, até que percebemos que essas falhas de renderização, aparecem em outras partes do filme. Como as interações entre Barry e seu eu mais jovem que em alguns momentos é visível o trabalho de DeepFake em um deles, assim como a batalha final no deserto que parece retirada de um vídeo game, com soldados figurantes sem rosto, e explosões falsas.
Sobre o Fan-Service e aparições especiais, gosto muito quando as referencias são utilizadas dentro da narrativa, sem parecer algo gratuito e jogado para nos fazer gostar do filme só por ter visto algum personagem querido interagindo com outro. O longa do Flash, possui os dois tipos, a participação do Batman de Michael Keaton é excelente e muito bem conectada a trama, na verdade não tenho reclamações sobre as versões do Batman que vemos aqui, o mesmo posso falar de Sasha Calle que é um grande destaque como Super-Girl, apesar de sua participação na história ser uma breve ferramenta de roteiro para levar Barry do ponto A ao B.
O exemplo ruim seria a pausa no clímax que o filme da, para nos mostrar universos como o do Super-Man de Christopher Reeve, o Batman dos anos 60 e até Nicolas Cage como o Super-Man que nunca teve o seu lançamento que teria a direção de Tim Burton. Tive a sensação que o filme não confiou na sua própria narrativa e precisou colocar um pouco mais de Fan-Service para nos fazer gostar, o que não é verdade , o arco de flash mais as homenagens dentro da trama já eram o suficiente para nos fazer gostar, fora que esses outros universos mostrados traz novamente aquele péssimo CGI que dificulta ainda mais a apreciação desses momentos.
Cada nota da trilha clássica do Batman de 89, ver os uniformes e carros do homem-morcego clássico de Keaton, soa arrepiante. Infelizmente a trilha sonora original do filme feita por Benjamin Wallfisch, ficou apagada perto do excelente e atemporal trabalho feito por Danny Elfman.
Em resumo, para cada acerto no arco do velocista escarlate, na construção de personagens carismáticos e até mesmo na comedia que está muito bem encaixada na obra, o filme também possui erros, como computação gráfica ruim e resoluções de trama preguiçosas. É um bom acerto para filmes da DC, mas é mais do mesmo da formula básica de filmes de herói. Diverte, mas não alcança todo seu potencial e evidencia um pouco mais a saturação que o tema multiverso tem apresentado nos últimos anos.
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