Quando falamos de Japão antigo, muitos elementos podem vir a nossa mente, castelos, quimonos, folclore local, ninjas, mas uma das principais referências é sem sombra de dúvidas os samurais. Guerreiros de elite cuja figura está envolta em uma aura de honra e bravura, dentre eles, o que mais se destacou na história e que teve seu nome marcado na cultura pop é Miyamoto Musashi.
Primeiros anos de Miyamoto Musashi
Shimmen Bennosuke, como era seu nome na infância, nasceu em 1584 na província de Harina, num dos mais conturbados períodos da história do Japão, em que nobres senhores travavam batalhas para unificar o país. Segundo registro, o primeiro duelo de nosso guerreiro foi aos 13 anos e aos 16 enfrentou um samurai habilidoso. Feitos incríveis para alguém tão jovem e que venceu todos. Miyamoto Musashi não teria perdido nenhuma vez.
Teria sido também aos 16 anos, em 1600, que Musashi participou da grande Batalha de Segikahra. Nessa época, Toyotomi Hideyoshi havia conseguido unificar o território, feito que havia sido conquistado antes por Oda Nobunaga. Mas o poder de sua dinastia estava enfraquecido após a fracassada invasão à Coreia. O clã Toyotomi enfrentava um problema de sucessão que se agravou com a morte de Hideyoshi em 1598 e tinha sobre eles a desconfiança de outros clãs.
Todas essas intrigas políticas e desejo de poder acabariam resultando na Batalha de Segikahara que terminou com a vitória de Tokugawa Ieyasu que se tornaria de fato xogum do Japão. É importante ressaltar que xogum não é o equivalente ao imperador, figura que existia paralelamente, mas com poderes mais simbólicos do que práticos como os do xogum que seria o equivalente a “comandante do exército”.
Enquanto o Xogunato Tokugawa (governo do xogum Tokugawa) tinha início, um jovem saia do campo de batalha, pelo lado derrotado, mas vivo: Miyamoto Musashi.
Em 1604, o xogunato de Tokugawa já havia se instalado e o período Edo começava. Foi nesse ano que Musashi começa a ficar famoso após vencer três duelos contra a família Yoshioka, cuja habilidade com a espada era tão excepcional e conhecida que eles haviam treinado o xogum anterior. Nos dois primeiros confrontos ele derrotou os “irmãos kenpo”, Seijuro e Denchijiro. Querendo abater de vez Miyamoto Musashi, um novo confronto, dessa vez contra Matashichiro, de apenas 13 anos, filho de Seijuro, foi programado. Porém, o plano de Matashichiro era emboscar o oponente com a ajuda dos outros alunos dos Yoshioka.
Musashi chegou antes da hora para o duelo e descobriu a artimanha que estava sendo feita. Ele então matou Matashichiro e todos que tentaram se colocar em seu caminho. O jovem guerreiro na época já lutava com seu característico estilo de duas espadas, algo que obviamente exigia muita habilidade. Esse foi um golpe e tanto para os Yoshioka do qual nunca se recuperaram.
Ronin
Após derrotar de vez os Yoshioka, Miyamoto iniciou um período de peregrinação. Por conta disso, ele é muitas vezes referenciado como ronin, um samurai que não segue um mestre e que está em constante movimento.
Musashi foi muito desafiado, afinal, sua fama já havia se espalhado, e venceu todos os desafios: contra os monges guerreiros do templo Hozoin que usavam lanças, Muso Gonnusuke que criou uma técnica nova só para vencer Musashi após perder para ele (esse segundo embate teria terminado empatado) e Shishido Baiken que utilizava uma foice com corrente.
Em 1612 ocorreu uma de suas mais famosas lutas, quando enfrentou Sasaki Kojiro, um grande espadachim e também fundador do estilo Ganryu, Em seu relato, para derrotá-lo, Musashi entendia que seria muito difícil vencê-lo apenas por suas habilidades na espada, então propositalmente chegou atrasado mais de 2 horas ao local para irritá-lo e desestabilizá-lo emocionalmente e foi lutar não com uma espada de verdade, mas com uma esculpida na madeira de um remo.
O uso de usar um remo tinha um fundamento: o estilo de Kojiro contava com a vantagem de ter uma espada longa. O duelo em si foi rápido, porém intenso, com ambos correndo um contra o outro, Kojiro teria conseguido fazer um corte superficial enquanto Musashi acertou seu oponente em cheio com a arma de madeira. O segundo golpe foi fatal e assim morreu Sasaki Kojiro, na praia da ilha de Funajima. Até hoje existe um monumento no local representando os dois guerreiros.
Um novo homem
Miyamoto Musashi, após vencer Kojiro, começou a refletir sobre seus duelos. Seus questionamentos era sobre o que o fizera ser sempre vitorioso. Suas habilidades? Técnicas? Falhas dos oponentes? Físico? Proteção divina? Foram pensamentos assim que o fizerem querer escrever um livro sobre seu estilo e estratégias para as futuras gerações. Nesse período, ele também entrou em contato com formas de arte como pintura, escultura e poesia.
Ao todo foram mais de 60 embates em que saiu vitorioso. Muito respeitado, era visto não apenas como um guerreiro habilidoso, mas também uma pessoa bastante sábia, era frequentemente chamado por autoridades e era comum pessoas importantes em seu círculo social, entre eles o daimiô (algo como senhor feudal) Hosokawa Tadatoshi, que se tornou patrono de Musashi com quem desenvolveu uma grande amizade.
Ao final de sua vida, Musashi se isolou na caverna de Reigando onde se dedicou à meditação e escreveu seu famoso Livro dos Cinco Anéis, um tratado sobre artes marciais e estratégia. Muitas vezes comparado ao livro A Arte da Guerra de Sun Tzu. Ele morreu em 1645 e foi enterrado de armadura na vila de Yuji.
Legado
Mesmo após tantos anos de sua morte, Miyamoto Musashi ainda é lembrado por historiadores e pela cultura pop, tendo várias referências a ele em filmes, séries, jogos, animes e mangás, com destaque para Vagabond, além de ter sido influência para outros personagens. Não só isso, seu estilo de luta é praticado até hoje.
Para saber mais:
http://www.niten.org.br/musashi-biografia
https://www.infoescola.com/biografias/miyamoto-musashi/
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/musashi-o-espirito-samurai.phtml