Salve Avetureiros, hoje vou apresentar uma matéria exclusiva sobre o Autor Carlos Rocha e sua Recente Obra, Quill, o exterminador de demônios.
Carlos Rocha está com a campanha no Cartase e estará disponível no final da entrevista.
Para quem gosta de HQ voltada ao ambiente baseado na Terra Média, Quill, o exterminador de demônios está recheado com um tema sombrio desenhados pelo artista Fabrício Santos, aproveitem a entrevista.
1- Carlos, Conte um pouco sobre sua Trajetória.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o espaço aqui no Blog da Taverna. Acho que tudo começou quando tive meu primeiro contato com RPG, em 1988. Naquela época poucas pessoas tinham livros e dados, fazíamos dados com papel e cola e os livros eram fotocopiados (xerox). Logo comecei a ser mestre de RPG (como se falava na época) e tomei gosto por criar histórias.
Em 1996, eu estava começando uma nova campanha de RPG e tive vontade de escrever e desenhar uma história em quadrinhos. Acho naquele momento estava muito influenciado pelo anime Record of Lodoss War. Eu queria fazer uma saga imensa de fantasia, mas logo ficou claro que com meu nível de habilidade em desenho, eu não iria muito longe…
Foi quando, para não perder a inspiração da história da HQ, comecei a escrever a história na forma de livro. Anos depois terminei de escrever Olhos Negros, que foi um dos vencedores do prêmio internacional Wattys da plataforma Wattpad em 2015.
Apesar de minha profissão ser na área de tecnologia da informação, no meu tempo livre, sempre continuei escrevendo, hoje já tenho vários romances, HQs e livros de contos publicados.
2- Conte sobre sua nova HQ e seu projeto no Cartase.
Quill, o exterminador de demônios, volume 1, é uma HQ em três partes que conta a história de um elfo que luta com todas as suas forças para salvar seu mundo da destruição. O mundo foi invadido por hordas de demônios e os diversos povos, ainda que tenham diferenças entre si, precisam trabalhar juntos para tentar deter o avanço dos demônios.
É uma história que tem muito foco em ação, mas que também trabalha dramas de seus personagens numa guerra complexa com pano de fundo político, principalmente trazendo questões da civilização dos elfos.
Ela é uma obra derivada do meu universo ficcional, Terra das Nove Luas, e é uma adaptação do romance escrito em 2007. Em 2008, fiz minha primeira tentativa de trazer a história para os quadrinhos, mas percebi que ainda tinha sérias limitações com meu desenho… rsrsrs
Então, em 2019 encontrei o artista Fabrício Santos que tem conseguido traduzir a história numa bela narrativa visual. E, juntos, começamos a trabalhar nas edições digitais da HQ. O projeto no Catarse, visa transformar essa história numa HQ impressa, com diversos extras, como a galeria de artistas convidado, mapas, etc. Vale conferir a página do projeto que traz mais detalhes sobre a trama, personagens e recompensas.
3- Quill tem muitas referências de RPG como foi o desenvolvimento para chegar a essa História que tem um lado sombrio bem trabalhado.
Desde que criei este universo ficcional, eu queria trabalhar a questão de demônios como uma das forças sombrias presentes. Vale dizer que sempre usei material dos meus jogos de RPG nos livros e material dos livros nos jogos de RPG. De forma que um alimentou o outro num quase perfeita simbiose.
A primeira trilogia que se iniciou com o romance Olhos Negros, tem uma participação relativamente pequena de demônios, pois os maiores vilões nessa saga são necromantes e hordas de mortos-vivos. Essa série se passa num mundo que praticamente foi devastado durante uma invasão massiva de demônios e uma longa guerra. Então, depois de ter bem desenvolvido vários conceitos, mapa, países, culturas e história de civilizações, que parti para contar esse episódios do passado do mundo.
O próprio personagem Quill, surgiu como uma figura histórica lendária, no contexto dos jogos de RPG. Ele nunca foi o personagem de nenhum jogador e nunca houve uma campanha onde ele tenha aparecido diretamente.
4- Como se ingressou no Universo RPG?
Foi uma coisa curiosa. Eu me sentava no fundo da sala e vi alguns colegas com dados, desenhos e livros… Um deles, tinha começado a jogar com um colega de outra sala que tinha chegado dos Estados Unidos trazendo alguns livros de MERP (Middle Earth Role-Playing Game). Logo me aproximei e tive os primeiros jogos nos recreios da escola. Eu não me interessava muito por jogar futebol, ou outra atividade parecidas, de forma o RPG acabou vindo para ficar. Como mencionei, havia uma grande escassez de livros naquela época.
Só existia material em inglês, mas descobrimos uma livraria em Brasília (na época morava lá) que vendia uns poucos livros. Foi lá que eu comprei meu primeiro livro de RPG, a caixa Expert Set do D&D, que vinha com um conjunto completo de dados! Ufa, já podia jogar sem ter que rolar d10 na roleta do jogo da vida e refazer dados de papel que estragavam toda hora, ou ficavam desbalanceados, especialmente o D20.
Depois nunca parei de jogar. Conheci e joguei muitos sistemas, como D&D, Rifts, DC Heroes, Vampiro, Lobisomem, Mago, etc. Mas um dia conheci o GURPS e acabei ficando com esse sistema… É o que quase sempre jogo ainda até os dias de hoje. Me lembro de uma adaptação do Dark Sun que fizemos para o GURPS que gerou uma campanha épica.
5- Atualmente qual é sua maior inspiração?
Olha, no contexto de quadrinhos me inspiram muito artistas independentes como o Davi Calil do Kung-Fu Ganja, o “quarteto fantástico” (Eduardo Ferigato, Eduardo Schaal, Aluísio Cervelle Santos e Diego Sanches) da Quadcomics que tem produzido HQs independentes de ficção científica em alta qualidade. Me impressiona também toda a obra de Moebius.
6- Vamos falar um pouco de RPG:
Você encontra um bárbaro dormindo de bêbado na Taverna e tem uma única chance de pegar as moedas dele, o que faria?
Vou brincar que estou interpretando o personagem Quill, Ok? Ele não ligaria para as moedas do bárbaro… Ele ligaria sim pra o fato dele estar bêbado e perigando ser assaltado. Ele jogaria um balde de água fria no sujeito e depois, o cara achasse ruim, ofereceria o fogo de sua espada mágica para “secar” a roupa molhada. Talvez, depois de tudo, passaria um sermão severo, dizendo:
“Você devia ter vergonha de ficar aí se embebedando… Temos trabalho a fazer, uma guerra a vencer… Levanta daí, se recomponha e apresente-se para seu superior!”
7- Para finalizar qual seu recado para os leitores do Blog da Taverna?
Jogar RPG pode ser só um hobby ou passatempo… É bom, é divertido, mas também, pode se tornar algo mais, veja aí o caso recente do grupo Vox Machina/Critical Role que derivou de sua campanha de RPG online um produto audiovisual bem legal que traz nele muito do espírito dos jogos de RPG. No meu caso, depois de “espremer” bastante o material “bruto” de inúmeros jogos e campanhas no mesmo mundo, consegui criar uma série de romances e agora, se tudo der certo, uma história em quadrinhos também.
Para quem acompanhou até aqui segue o link para saber mais sobre o Trabalho do Carlos e do Fabrício