Feriado Sangrento (Thanksgiving) – Critica

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Feriado Sangrento estreou em 2023 e conquistou o público fã do terror slasher, com mortes e um assassino brutal em uma temática de dia de ação de graças muito bem utilizada pelo diretor Eli Roth (O Albergue). Apesar dos furos de roteiro e convenções do gênero slasher encontrados pelo caminho, o cineasta consegue criar um show de sangue, tripas e personagens relacionáveis que não deixa o filme chato ou previsível, daqueles que o espectador só espera entediado qual próximo personagem estereotipado vai morrer.

Um breve contexto a respeito do longa, é que ele foi adaptado de um trailer falso que Eli Roth criou para o projeto GrindHouse de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, que exibia 2 filmes dos diretores, “A Prova de Morte” (Tarantino) e “Planeta Terror” (Rodriguez). Durante o intervalo entre os filmes, alguns trailers falsos eram exibidos, entre eles “Thanksgiving” de Eli Roth que o inspirou a realizar este filme.

Com base nesse contexto, o cineasta traz o assassino John Carber como um serial killer em busca de vingança por um acidente que ocorreu a um ano atrás em uma loja de departamento na Black Friday, em pleno ação de graças. Sua intenção é assassinar a todos que estiveram envolvidos com a invasão da loja que por consequência resultou em 3 mortes, sem culpados e sem prisões por parte da polícia.

Um a um, John Carber vai assassinando os envolvidos, desde uma cliente agressiva que ajudou a quebrar as portas da loja, até um segurança que no meio da tensão larga seu posto e deixa todos entrarem, entre esses também temos o clichê grupo de estudantes que por uma delas ser filha do dono da loja, entram antes de todos no mercado e são um dos motivos para a revolta da multidão.

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Um dos grandes acertos do filme, é como ele usa esses clichês do assassino vingativo e do grupo de jovens burros junto a temática de ação de graças de uma forma bastante orgânica, tendo como ponto chave a Black Friday. Quantos vídeos já não foram vistos de pessoas que vão a loucura nessa época do ano? quebrando fachadas de loja e atropelando outros clientes na busca daquele produto com desconto.

Outro acerto é que esses personagens não são estereótipos mal escritos, feitos para serem mortos. Vemos que mesmo depois de um ano, alguns deles ainda estão traumatizados ou carregam culpas pelo ocorrido, alguns relacionamentos se romperam enquanto outros se fortaleceram, os clichês ainda existem, mas o filme é consciente deles e usa os mesmos a favor da história, criando falsas suspeitas e mexendo com aquele ar de previsibilidade.

As Mortes são muito criativas, o diretor soube tirar o melhor da temática de ação de graças e Black Friday, com cenas brutais e analogias aos dois eventos, principalmente o feriado, com uma vítima sendo temperada no melhor estilo peru de ação de graças sendo o auge da crueldade pra mim.

As atuações estão no tom certo, o grupo de amigos tem uma ótima química entre eles. Nell Verlaque como Jessica, funciona para o filme, mas sua final girl fica entre a Laurie Strode de “Halloween” e Sidney Prescott de “Pânico”, sem conseguir deixar uma marca só sua. Patrick Dempsey lidera os protagonistas adultos como o policial investigando as mortes enquanto lida com o trauma de também ter perdido pessoas no acidente de um ano atrás, seu personagem é adorável e prestativo e sem ter todas as respostas pede a ajuda dos jovens para completar a investigação.

Feriado Sangrento (Thanksgiving) – Critica

Como ponto negativo do filme, eu coloco sua conclusão. Uma das convenções de gênero já estabelecida para filmes slasher do tipo “Whodunit”, é a revelação do assassino no final fazer sentido com a investigação realizada pela protagonista e pelo publico durante o longa, ao rever o filme o espectador pode pensar que as pistas estavam ali o tempo todo, mas ele não percebeu.

Um exemplo, o personagem A é um suspeito por que durante a morte de um personagem B, o personagem A desaparece. Ou em outro caso o personagem A estava ao lado da protagonista, durante a morte do personagem B. o publico pensa, ou temos dois assassinos onde um ajuda a despistar a suspeita do outro, ou o Personagem A é inocente (Um exemplo é a revelação de assassinos do filme Pânico, onde descobrimos que são dois assassinos e por isso não desconfiávamos de Billy Loomis).

Em Feriado Sangrento a revelação do assassino apesar de surpreendente, não bate com o decorrer do filme, já que vemos o personagem algumas vezes junto a protagonista ao mesmo tempo que as mortes ocorrem, essa onipresença poderia ser justificada com um segundo culpado, mas o filme nem se quer levanta essa hipótese depois da revelação, o que pra mim é um erro na estrutura do filme. um erro que eu considero ruim pro filme, por afetar toda a narrativa que acompanhávamos uma hora atrás, ainda mais uma narrativa slasher onde a revelação do mistério deve ser tão importante quando a criação dele.

Apesar da falha em concluir sua história, Eli Roth consegue com Feriado Sangrento nos dar um bom alivio para filmes de terror do tipo slasher, ao trazer uma história original, mortes brutais e brincar com as convenções que já estamos acostumados de outros clássicos, se tiver uma sequência espero que já comecem corrigindo as falhas desse.

Feriado Sangrento esta disponivel no MAX, leia tambem a critica de A Morte do Demônio: A Ascensão tambem disponivel no streaming.

Nota: 3,5/5